O administrador e pesquisador Henrique Gambaro Vieira vem a Ponta Grossa no próximo dia 15 de junho para participar do Pré-congresso do ADM 2016. O evento lança oficialmente a 29ª edição do Congresso Internacional de Administração, considerado o maior da América Latina dentro do seu segmento e que, pela primeira vez, acontece em Natal (RN) no mês de setembro. Nesse ano, o tema da conferência aborda crise x oportunidade, assunto relevante dentro do cenário atual do país. Antes do encontro, Gambaro fala um pouco sobre as perspectivas e tendências de mercado.

Como se manter no mercado de trabalho num período em que as empresas estão demitindo ou mesmo fazendo acordos de demissão voluntária?

H.G - A questão a ser abordada é o motivo das demissões. Se a empresa não é competitiva ou não possui as competências relacionadas para o alcance de seus objetivos, ai não há o que fazer. Muitas empresas hoje estão fechando ou demitindo por incompetências relacionadas ao mercado. Não podemos esquecer que a pouco, quando o dinheiro estava circulando, bastava abrir e o dinheiro entrava. Quando o dinheiro se tornou escasso, e as competências se tornaram fator decisivo de sucesso, muitas começaram a demitir.

Para você qual a diferença entre trabalho e emprego?

H.G - Trabalho é ter algo para fazer, emprego é ter algum lugar para passar o tempo. O trabalho não falta em nossas organizações, sempre há algo que precisa ou deve ser feito e realizado. Já o emprego está muito apegado à função que o empregado exerce. Quando se tem um emprego, esquece-se do trabalho. O empregado acaba se limitando à sua função e, por isso, acaba por deixar de fazer um monte de coisas. Hoje o que as organizações estão oferecendo e valorizando é o trabalho, a soma, o fazer diferente, o fazer mais. O emprego, como conhecemos hoje, está morrendo. 

Na sua visão existe uma perspectiva de melhoria no cenário econômico? Em quanto tempo?

H.G - Não há dúvida que irá melhorar. Acredito que esta melhora já começou, mas vai levar um tempo para ficar bom como era antes. O primeiro passo já esta sendo dado. Conscientização. Acredito que o empresário brasileiro esta abrindo os olhos e descobrindo que o lucro pelo lucro não basta. Mas é complicado falar de Brasil, o país é muito grande e com muitas diferenças culturais e econômicas, entretanto vejo que há exemplos de superação e sucesso. O empresário brasileiro está descobrindo agora o que é a gestão, o que são valores e criando uma visão a longo prazo.

O que a academia e as empresas podem fazer para melhorar o cenário atual?

H.G - Se unirem. Muitas vezes vejo que há uma distância entre academia e empresa. Existe uma cultura, absurda em meu ver, em achar que a academia não ajuda as empresas. Isto acaba colocando obstáculos quando queremos criar programas de aperfeiçoamento. Quantas vezes já não ouvimos que "o que os cursos ensinam é muito bonito, mas na prática não funciona?". Absurdo! O empresário deveria ser o primeiro a buscar soluções nas organizações que formam seus empregados. Nas instituições de educação e formação também deveria existir um esforço em trazer o empresário para dentro da coordenação, ajudando a criar programas e matrizes que já direcionem os alunos às necessidades do empresariado. Aproximar e quebrar paradigmas entre estes dois é fundamental.

Do ponto de vista de qualificação profissional, qual o melhor caminho para investir? Cursos de atualização, nova pós-graduação ou graduação, cursos técnicos?

H.G - Depende de quem estamos falando. Hoje um aluno graduado que não estiver fazendo uma especialização ou curso de atualização, ou que faz muito tempo que fez já esta fora do mercado. Quando analiso um currículo, sempre vejo o último curso realizado. Se já faz mais de dois anos fica mais difícil ser o escolhido.  O próprio mercado faz isto acontecer. Vivemos hoje em um mundo onde as mudanças ocorrem de maneira muito rápida. Não adianta ter realizado um curso de Sistemas de Informação há cinco anos e não ter feito uma atualização, pois nesse tempo mudou muita coisa. Em relação ao curso de atualização irá depender das necessidades que o mercado apresenta e aonde o aluno quer chegar. De uma coisa tenho certeza, quanto mais você estudar, mais oportunidades irão aparecer.

O que as pessoas podem fazer para buscar uma nova colocação no mercado?

H.G - Estudar e ir atrás daquilo que ele faz a diferença. Temos que nos reconhecer naquilo que fazemos bem. Fica mais fácil eu desenvolver uma qualidade que já possuo. Se sou comunicativo, invista nisso. Se sou uma pessoa boa em contas, então vou investir nisso. Descubra em que você é bom e acredite nisso, buscando aperfeiçoamento.  

Quais são as dicas para um profissional se reinventar? 

H.G - Se encontrar em algo. Hoje é necessário uma construção do ser. A soma das competências é essencial para o sucesso profissional. Acredito que a palavra não seja se reinventar e sim, se adaptar. Quem tem maior condição de adaptação é o vencedor. Quanto mais eu conhecer de mais coisas melhor. Uma coisa é um profissional formado em Economia, outra coisa é se este for também formado em Administração. Além de economista e administrador,  ele possui um resultado de soma de competências que irá transformá-lo em um profissional muito além do economista e muito além do administrador. Maior poder de análise, maior poder de interpretação, melhor visão de mercado e mais aberto às mudanças. E é este profissional que o mercado busca, aquele que soma.

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Quando? Dia 15 de junho, às 20 horas

Local: Grande Auditório do Campus Central da UEPG

Inscrições: admpg.com.br

Valor: R$ 25 (o valor é cobrado exclusivamente para os alunos que necessitem da certificação de três horas aulas)